outubro 21, 2012

A Sexualidade após Lesão Medular


Após a lesão medular a função e o ato sexual podem apresentar alterações de intensidades variáveis, dependendo do nível da lesão. Para o desempenho sexual, os aspectos fundamentais necessários são a integridade dos órgãos sexuais, o funcionamento dos sistemas endócrino, circulatório e nervoso e condições psicológicas favoráveis. Basicamente, a sexualidade humana tem 3 funções: procriação, comunicação e prazer. Apesar das alterações ocorridas no paciente lesado medular, nenhum dos aspectos anteriormente citados precisam ser excluídos de sua vida. É importante ressaltar que a sexualidade envolve a pessoa como um todo, envolvendo também aspectos psicossociais, mas, nesta publicação, serão abordados aspectos relacionados com a anatomia e a fisiologia dos órgãos diretamente ligados à função sexual.

Resposta Sexual Feminina

Nas mulheres, a excitação provoca aumento do clitóris, dos pequenos lábios, alongamento dos dois terços posteriores da vagina e produção de muco. A lubrificação pode ser psicogênica (provocada por estímulos indiretos) ou reflexa (provocada por estímulos diretos de contato na região genital). Existem dois centros medulares responsáveis pela lubrificação vaginal:

  •  T11 a L2- Lubrificação psicogênica.
  • S2 a S4- Lubrificação reflexa.
Se após a lesão medular a lubrificação for insuficiente para permitir a penetração, poderá ser utilizado um lubrificante à base de água, prevenindo, assim, lesões que poderiam ser provocadas pelo atrito.

O orgasmo é a sensação de prazer proporcionado com o ato sexual. A porção externa da vagina dilata-se e o orgasmo é percebido com a contração rítmica da musculatura vaginal, uterina e tubária e tensão da musculatura o períneo. Esta resposta pode sofrer alterações devido à diminuição ou até mesmo ausência de sensibilidade na região genital. Entretanto, como o centro responsável pelo orgasmo não se encontra na medula, a pessoa com lesão medular poderá obter prazer com a estimulação de outras zonas erógenas.

Não ocorrem alterações significativas quanto à fertilidade após a lesão medular. Na maioria das vezes o ciclo pode sofrer uma interrupção temporária, e costuma voltar após aproximadamente 6 meses de lesão. Com a fertilidade inalterada, as mulheres portadoras de lesão medular são capazes de conceber e levar a gestação a termo, entrar em trabalho de parto (embora seja difícil perceber seu início em pacientes com lesão acima de T10) e dar à luz por via vaginal. O aleitamento é normal, não havendo qualquer alteração na mama, inclusive em tetraplégicas, que podem amamentar seus filhos, devendo, é claro, ter o acompanhamento de um ginecologista, que será quem deverá indicar o melhor método contraceptivo para esta mulher, caso não tenha o desejo de engravidar.

Resposta Sexual Masculina

A ereção (estado de endurecimento do pênis durante uma estimulação ou excitação, aumentando de tamanho) pode ocorrer de duas formas básicas:
  • Ereção psicogênica: provocada por estímulo indireto. A área medular correspondente está situada entre T11 e L2. Se a lesão ocorrer acima deste nível, o estímulo vindo do cérebro pode não passar por essa área como anteriormente à lesão.
  • Ereção reflexa: provocada por estímulo direto do pênis ou áreas circunvizinhas. Este tipo de ereção pode ocorrer inclusive em momentos de troca de sonda ou cateterismo. A área medular responsável por esse tipo de resposta está localizada entre S2 e S4.
Pode-se afirmar, portanto, que em homens com lesão medular acima de T11-T12 a ereção reflexa fica preservada, sendo importante observar quando e como esta resposta ocorre porque será útil durante a relação sexual. A ejaculação é um processo mais complexo do que a ereção, podendo ser alterado. Em pacientes com lesão acima de T11-L2 a emissão (que é a saída do líquido seminal das vesículas seminais, próstata, canal deferente e colo vesical para dentro da uretra posterior) pode não ocorrer, e a ejaculação, que é a saída do líquido seminal pela uretra para o meio externo, (que está na área medular de S2-S4), pode não acontecer, pois o sêmem precisa chegar até a uretra para, então, ser ejaculado. Mesmo estando a área medular correspondente à ejaculação preservada, em lesões acima de T11-L2 pode não ocorrer a ejaculação por falta de sêmem na uretra posterior.Quando o homem não consegue ejacular, o líquido seminal pode voltar para a bexiga, num processo chamado ejaculação retrógrada, que não traz qualquer problema para o sistema urinário. Por essa razão, no homem, a fertilidade pode estar prejudicada.


O orgasmo é a sensação de prazer proporcionado pela relação sexual, que geralmente para os homens vem acompanhado de ejaculação. É importante ressaltar que o centro responsável pelo prazer situa-se numa área do cérebro chamada hipotálamo, e que nenhuma lesão medular é capaz de comprometer esta função. Devido à alterações na sensibilidade que podem ocorrer na região genital, pode haver alteração na sensação prazerosa proporcionada por estímulos nesses locais durante a atividade sexual. Entretanto, estimulação de outras zonas erógenas podem produzir estas sensações de intenso prazer. 

Após a lesão medular, o organismo não deixa de produzir espermatozóides, entretanto, sua quantidade e qualidade pode estar alterada, podendo dificultar a reprodução. Por isso, a inseminação artificial pode ser uma alternativa.


Cuidados para o ato sexual:
- Esvaziar a bexiga para evitar perdas urinárias durante a relação sexual.
- Optar por ambientes que ofereçam pouco atrito com a pele, para evitar lesões.
- Inspecionar a pele após o ato sexual, para verificar a integridade da pele.
- Se não houver o desejo de engravidar, utilizar métodos contraceptivos.
-Utilizar preservativo para prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

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